terça-feira, 21 de janeiro de 2014

... Inês Santos


Inês Santos é simpática, doce, exigente.
Muitos serão os que a conhecem apenas de programas televisivos mas, nesta conversa, poderão admirar-se com as competências e maturidades desta menina-mulher, que está quase a completar 20 anos de carreira.
A nossa conversa foi a sabor de cruzeiro com direito a palavras emotivas, genuínas, honestas, reais (mas que, até permitem sonhar, se nos deixarmos embalar).
Quem se permite deixar levar por esta conversa?
Arriscam? J

Como é a Inês Santos - pessoa, longe dos ecrãs e dos media?
Natural, espontânea, simples, introvertida com quem não conheço, extremamente extrovertida junto dos amigos e família; necessito do meu espaço e de silêncio. Gosto de fazer coisas banais.
Existe uma Inês que brilha mais alto com Sinead O’Connor em 1995, entra num leque variado de projectos apos esse ano ( lançamento de cds, participação em vários projectos musicais, integração de musicais e programas televisivos...) e depois os media deixam de falar em si durante uma boa temporada... O que se seguiu neste período de tempo até participar em "A tua cara não me e estranha"?
Nunca procurei o protagonismo nem a exposição. A exposição tem um reverso da medalha do qual não gosto nem um pouco, e que não me faz falta. Procurei, sim, espectáculos, experiências e contractos desafiantes. Sempre procurei fazer algo que não tinha feito no contrato anterior. Nunca parei de trabalhar e sinto-me feliz por, em 20 anos de carreira (que celebro este ano) ter apenas tido um ano e meio em que notei menos volume de trabalho. Sempre estive muito ocupada e sempre fui muito feliz com os desafios que a vida me colocou e quais os quais cresci enquanto artista e ser humano. O facto de não fazer planos e ter os braços abertos para esses desafios ajuda a ter boas surpresas.
O programa de entretenimento da TVI veio dar-lhe uma visibilidade esquecida e abrir-lhe novas janelas profissionais...
Creio que, acima de tudo, veio mostrar uma Inês com mais capacidades, capacidades essas que o público não conhecia. Isso foi o mais importante: passaram a ver-me de uma forma mais madura e completa.



 Inês numa imitação exigente, e brilhante, de Maria Callas no programa da TVI, “A tua cara não me é estranha”

Imitar e interpretar... onde está o maior desafio?
Imitar, claro. Interpretar é um processo natural; cada cantor dá o que de mais verdadeiro tem de si, é fácil.

Qual a sensação ao dar voz a filmes da Walt Disney? Como se prepara para que o instrumento "voz" seja potenciador das histórias metafóricas e de encantar?
Vivo precisamente as palavras que as histórias dizem. Não há como interpretar da forma certa sem dar toda a atenção às palavras e à melodia.
Em 2008, a Inês vai para o Canadá e é protagonista da Opera "ines" , baseada no romance de "Pedro e Ines". Recebeu uma nomeação para um Dona Manor Moore Award na categoria de opera - melhor performance. Como e que uma cidadã portuguesa, a trabalhar em Toronto, recebe uma noticia destas?
Aqui está um exemplo de que a exposição não é tudo. Quase ninguém em Portugal falou no facto de eu ter sido a única estrangeira a ser nomeada para este importante prémio. Foi mais uma vitória pessoal e motivo de honra e orgulho no percurso que fui escolhendo fazer... o de crescer como ser humano e artista. 
Foto da Revista Caras no âmbito do trabalho de Inês no Canadá

Gostou de viver e trabalhar no Canadá?
Muito. Identifico-me a 200% com a sua forma de trabalhar. O meu profissionalismo e rigor só são confundidos com tiques de vedetismo no nosso país em que, por vezes, se trabalha de forma desinteressada e banal. Levo o meu trabalho muito a sério.
Neste momento, parte da sua fatia profissional é dedicada ao Paquete Funchal... Fale-nos deste projecto...
Não só ao Paquete Funchal, mas sim a toda a frota Portuscale Cruises. Sou directora de entretenimento da Cª. Algo que sempre me fascinou foi produzir e gerir equipas na área do entretenimento. Este trabalho é mais uma parte daquilo que posso fazer como artista e cantora e com todos os conhecimentos que fui adquirindo. Continuo a cantar em terra e, por vezes, vou também a bordo cantar. Permitiu-me abraçar um projecto mais sério, de forma mais madura, não deixando de lidar diariamente com o meu ramo, com responsabilidades diferentes, mas também sem deixar os meus compromissos de cantora para trás - é perfeito!
Ser diplomada em Produção de Espectáculos é uma mais-valia para este projecto?
Claro. Muito me ajuda a desenvolver o meu trabalho na companhia. Requer conhecimentos de contractos, som, luz, animação, gerir equipas, recursos humanos, etc. Tudo o que aprendi na ETIC é importante no que faço agora na Companhia.
"A tua cara não me é estranha" veio afirmar não só a Ines Santos cantora mas, acima de tudo, mostrar aos telespectadores uma mulher madura, com muita experiência profissional, muito viajada, sensível, honesta e feliz. É mesmo assim, não é?
Sou mesmo assim. Amo o que faço. Faço-o com muito seriedade. Respeito os meus colegas e exijo que me respeitem também. Enquanto estiver a cantar, mostrarei sempre o meu lado mais natural e serei sempre feliz.
Por falar em viagens... Cantar em cruzeiros pela América do Sul, Gronelândia, Polinésia e Caraíbas, entre outros, fê-la escrever e editar um livro... "Não me roubes a alma" é um livro de olhares?
É um livro de pensamentos, dúvidas, de crescimento pessoal de partilha, de esperança, de ajudar o pouco que posso da forma mais bonita que posso, partilhando a minha experiência. Os lucros revertem para a Associação de Apoio à Criança de Guimarães e Instituto de Apoio à Criança. 

Como olha para os seus próximos projectos? Onde a poderemos ver e ouvir nos próximos tempos?
Neste momento estou bastante dedicada à companhia, que acaba de nascer e precisa de atenção redobrada. Continuo a fazer muitos concertos mas, na sua maioria, são eventos privados o que dificulta a possibilidade do grande público me ver. Este ano faço 20 anos de carreira por isso estou a criar um projecto para assinalar esta data. Mas, é prematuro falar nele.

O que a faz Ser Feliz?
Cantar, viajar, ver a família em paz e com saúde, beber um gin e comer uns petiscos junto daqueles que me conhecem bem e me permitem ser quem sou. E,  sobretudo, OS MEUS AMADOS E LINDOS SOBRINHOS.
Ainda no outro dia estiverem agarrados a mim 10 minutos, a dar-me beijinhos e abraços. Não há felicidade mais plena.

Inês, muito obrigada pelo seu tempo, pela dedicação, pelos projectos com que nos brinda.
Foi muito bom ficar a conhecer ainda melhor esse sorriso que vem da alma.

Aos meus leitores, a promessa de que, a cada dia que passa, tentarei encontrar mais pessoas felizes e primar por conversas cujo sumo seja suculento e haja vontade de repetir.
Muito em breve, mais novidades!
Sejam felizes!
Inês Gaivota

1 comentário:

  1. «Vivo precisamente as palavras que as histórias dizem. Não há como interpretar da forma certa sem dar toda a atenção às palavras e à melodia»...... :) Fantástico e inspirador

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