Inês Santos é simpática, doce, exigente.
Muitos serão os que a conhecem apenas de programas televisivos mas, nesta
conversa, poderão admirar-se com as competências e maturidades desta
menina-mulher, que está quase a completar 20 anos de carreira.
A nossa conversa foi a sabor de cruzeiro com direito a palavras emotivas,
genuínas, honestas, reais (mas que, até permitem sonhar, se nos deixarmos
embalar).
Quem se permite deixar levar por esta conversa?
Arriscam? J
Como é a Inês Santos - pessoa, longe dos ecrãs e dos media?
Natural, espontânea, simples,
introvertida com quem não conheço, extremamente extrovertida junto dos amigos e
família; necessito do meu espaço e de silêncio. Gosto de fazer coisas banais.
Existe uma Inês que brilha mais alto com Sinead O’Connor em 1995, entra num
leque variado de projectos apos esse ano ( lançamento de cds, participação em
vários projectos musicais, integração de musicais e programas televisivos...) e
depois os media deixam de falar em si durante uma boa temporada... O que se
seguiu neste período de tempo até participar em "A tua cara não me e
estranha"?
Nunca procurei o protagonismo nem a
exposição. A exposição tem um reverso da medalha do qual não gosto nem um pouco,
e que não me faz falta. Procurei, sim, espectáculos, experiências e contractos
desafiantes. Sempre procurei fazer algo que não tinha feito no contrato
anterior. Nunca parei de trabalhar e sinto-me feliz por, em 20 anos de carreira
(que celebro este ano) ter apenas tido um ano e meio em que notei menos volume
de trabalho. Sempre estive muito ocupada e sempre fui muito feliz com os
desafios que a vida me colocou e quais os quais cresci enquanto artista e ser
humano. O facto de não fazer planos e ter os braços abertos para esses desafios
ajuda a ter boas surpresas.
O programa de entretenimento da TVI veio dar-lhe uma visibilidade esquecida
e abrir-lhe novas janelas profissionais...
Creio que, acima de tudo, veio mostrar
uma Inês com mais capacidades, capacidades essas que o público não conhecia.
Isso foi o mais importante: passaram a ver-me de uma forma mais madura e
completa.
Imitar e interpretar... onde está o maior desafio?
Imitar, claro. Interpretar é um processo
natural; cada cantor dá o que de mais verdadeiro tem de si, é fácil.
Qual a sensação ao dar voz a filmes da Walt Disney? Como se prepara para
que o instrumento "voz" seja potenciador das histórias metafóricas e
de encantar?
Vivo precisamente as palavras que as
histórias dizem. Não há como interpretar da forma certa sem dar toda a atenção
às palavras e à melodia.
Em 2008, a Inês vai para o Canadá e é protagonista da Opera
"ines" , baseada no romance de "Pedro e Ines". Recebeu uma
nomeação para um Dona Manor Moore Award na categoria de opera - melhor
performance. Como e que uma cidadã portuguesa, a trabalhar em Toronto, recebe
uma noticia destas?
Aqui está um exemplo de que a exposição
não é tudo. Quase ninguém em Portugal falou no facto de eu ter sido a única
estrangeira a ser nomeada para este importante prémio. Foi mais uma vitória
pessoal e motivo de honra e orgulho no percurso que fui escolhendo fazer... o
de crescer como ser humano e artista.
Foto da Revista Caras no âmbito do trabalho de Inês no Canadá
Gostou de viver e trabalhar no Canadá?
Muito. Identifico-me a 200% com a sua
forma de trabalhar. O meu profissionalismo e rigor só são confundidos com tiques
de vedetismo no nosso país em que, por vezes, se trabalha de forma
desinteressada e banal. Levo o meu trabalho muito a sério.
Neste momento, parte da sua fatia profissional é dedicada ao Paquete Funchal...
Fale-nos deste projecto...
Não só ao Paquete Funchal, mas sim a
toda a frota Portuscale Cruises. Sou directora de entretenimento da Cª. Algo
que sempre me fascinou foi produzir e gerir equipas na área do entretenimento.
Este trabalho é mais uma parte daquilo que posso fazer como artista e cantora e
com todos os conhecimentos que fui adquirindo. Continuo a cantar em terra e,
por vezes, vou também a bordo cantar. Permitiu-me abraçar um projecto mais
sério, de forma mais madura, não deixando de lidar diariamente com o meu ramo,
com responsabilidades diferentes, mas também sem deixar os meus compromissos de
cantora para trás - é perfeito!
Ser diplomada em Produção de Espectáculos é uma mais-valia para este
projecto?
Claro. Muito me ajuda a desenvolver o
meu trabalho na companhia. Requer conhecimentos de contractos, som, luz,
animação, gerir equipas, recursos humanos, etc. Tudo o que aprendi na ETIC é importante
no que faço agora na Companhia.
"A tua cara não me é estranha" veio afirmar não só a Ines Santos
cantora mas, acima de tudo, mostrar aos telespectadores uma mulher madura, com
muita experiência profissional, muito viajada, sensível, honesta e feliz. É
mesmo assim, não é?
Sou mesmo assim. Amo o que faço. Faço-o
com muito seriedade. Respeito os meus colegas e exijo que me respeitem também.
Enquanto estiver a cantar, mostrarei sempre o meu lado mais natural e serei
sempre feliz.
Por falar em viagens... Cantar em cruzeiros pela América do Sul,
Gronelândia, Polinésia e Caraíbas, entre outros, fê-la escrever e editar um livro...
"Não me roubes a alma" é um livro de olhares?
É um livro de pensamentos, dúvidas, de
crescimento pessoal de partilha, de esperança, de ajudar o pouco que posso da
forma mais bonita que posso, partilhando a minha experiência. Os lucros
revertem para a Associação de Apoio à Criança de Guimarães e Instituto de Apoio
à Criança.
Como olha para os seus próximos projectos? Onde a poderemos ver e ouvir nos
próximos tempos?
Neste momento estou bastante dedicada à
companhia, que acaba de nascer e precisa de atenção redobrada. Continuo a fazer
muitos concertos mas, na sua maioria, são eventos privados o que dificulta a
possibilidade do grande público me ver. Este ano faço 20 anos de carreira por
isso estou a criar um projecto para assinalar esta data. Mas, é prematuro falar
nele.
O que a faz Ser Feliz?
Cantar, viajar, ver a família em paz e
com saúde, beber um gin e comer uns petiscos junto daqueles que me conhecem bem
e me permitem ser quem sou. E, sobretudo,
OS MEUS AMADOS E LINDOS SOBRINHOS.
Ainda no outro dia estiverem agarrados a
mim 10 minutos, a dar-me beijinhos e abraços. Não há felicidade mais plena.
Inês, muito obrigada pelo seu tempo, pela dedicação, pelos projectos com
que nos brinda.
Foi muito bom ficar a conhecer ainda melhor esse sorriso que vem da alma.
Aos meus leitores, a promessa de que, a cada dia que passa, tentarei
encontrar mais pessoas felizes e primar por conversas cujo sumo seja suculento
e haja vontade de repetir.
Muito em breve, mais novidades!
Sejam felizes!
Inês Gaivota
«Vivo precisamente as palavras que as histórias dizem. Não há como interpretar da forma certa sem dar toda a atenção às palavras e à melodia»...... :) Fantástico e inspirador
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